Trabalhos que envolvam movimentos repetitivos, uso da força, levantamento e transporte de peso ou situações de estresse podem desencadear doenças ocupacionais, que consistem em motivo recorrente para o afastamento de funcionários.
Doenças ocupacionais são aquelas produzidas, adquiridas ou desencadeadas por meio das atividades desempenhadas no trabalho ou em decorrência de condições especiais de trabalho. Atualmente, um profissional acometido por uma doença ocupacional possui legalmente os mesmos direitos que casos que envolvam acidentes de trabalho. Desse modo, trabalhadores e empregadores devem ficar atentos em relação às principais causas de doenças ocupacionais e como evitá-las, pois, prevenir é ainda o melhor remédio. Sendo assim, é fundamental a busca pelo aprimoramento das condições de saúde e segurança no ambiente de trabalho.
Outro fator importante é conscientizar o trabalhador a ficar atento aos primeiros sinais de desconforto físico ou mental decorrentes de sua atividade laboral, de modo a procurar auxílio médico o quanto antes.
No entanto, o cenário real relativo às doenças ocupacionais não é muito animador: grande parte das doenças ocupacionais registradas pelo Departamento de Saúde e Segurança no Trabalho da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), do Ministério do Trabalho, não são reconhecidas pelas empresas. Mas sim, pela perícia médica do INSS, quando o trabalhador normalmente já se encontra numa situação avançada de desconforto. Assim, esses registros são emitidos sem CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho). O documento utilizado para reconhecer acidentes de trabalho ou trajeto e doenças ocupacionais.
Portanto, existe uma dificuldade em relacionar a doença ocupacional ao trabalho, o que resulta em uma subnotificação dos casos. Por exemplo, em um acidente típico, a lesão é evidentemente compatível com o relato da vítima e dificilmente há dúvidas de que ocorreu por conta do trabalho. No caso das doenças ocupacionais não. Uma vez que seu diagnóstico é mais subjetivo, pois, além de precisarem ser realizadas análises clínicas, é preciso também observar se o trabalho teve ou não influência no desencadeamento dos sintomas.
A seguir, listamos as 6 doenças ocupacionais mais comuns e sua possível forma de prevenção:
Consistem em lesões por esforço repetitivos, que causam distúrbios osteomusculares tais como tendinites, tenossinovites e lesões de ombro.
Principais causas: movimentos repetitivos; posturas inadequadas; pressão psicológica.
Prevenção: adequação do mobiliário, redução da necessidade do número de repetições, pausas regulares e exercícios preparatórios e compensatórios. Também se pode erigir um programa de incentivo à prática regular de exercícios e ingestão frequente de líquidos. No âmbito psicológico, é importante definir metas adequadas a cada profissional, assim como corroborar para que existam boas relações interpessoais entre a equipe.
São as famosas dores nas costas, que consistem em hérnias de disco e problemas de coluna. Pode provir dos músculos, nervos, ossos, articulações e outras estruturas ligadas à coluna vertebral. A dor pode ser constante ou intermitente, localizada ou difusa.
Principais causas: movimentos repetitivos e força com o uso do tronco, levantamento e transporte de pesos, posturas inadequadas, obesidade e sedentarismo (variáveis não necessariamente ocupacionais, porém, muito significativas).
Prevenção: adequação do mobiliário e equipamentos, fracionamento das cargas e do número de repetições ao levantar peso, assim como a redução da velocidade de execução dessa tarefa. Pausas entre esforços e exercícios compensatórios e preparatórios. Programas de incentivo à educação alimentar e à prática regular de exercícios.
Os tipos mais comuns de transtornos mentais relacionados ao trabalho são, por exemplo:
Principais causas: alta demanda de trabalho, imprecisão quanto às expectativas, metas inalcançáveis, trabalho extremamente monótono, percepção de realizar um trabalho “sem importância”, violência no ambiente de trabalho, situações recorrentes de alto nível de estresse no trabalho, testemunha constante do sofrimento humano de terceiros (como profissionais da área de saúde ou assistentes sociais).
Prevenção: definição de metas adequadas, boas relações interpessoais, melhora na comunicação, reconhecimento do valor do trabalho realizado, programas de prevenção à violência em atividades com risco elevado de assaltos/envolvimento ou repressão de atos violentos, programa de apoio e acompanhamento a profissionais vítimas de violência no trabalho ou submetidos a situações de estresse agudo e de profissionais que lidam constantemente com o sofrimento humano de terceiros.
Podem ser ou não causados por doenças subjacentes.
Principais causas: posturas inadequadas, movimentos repetitivos relacionados a cargas (membros inferiores), obesidade e sedentarismo (variáveis não necessariamente ocupacionais, porém, muito significativas).
Prevenção: adequação do mobiliário, redução da necessidade de uso da força e do número de repetições, pausas e exercícios compensatórios e preparatórios. Definição de metas adequadas, boas relações interpessoais, clareza sobre o que é esperado de cada um, programas de incentivo à prática regular de exercícios e ingestão frequente de líquidos.
As varizes nos membros inferiores são as mais comuns e consistem em veias dilatadas, tortuosas e de calibre aumentado. Dessa forma, elas indicam que algo não vai bem na circulação do sangue venoso pelo organismo.
Principais causas: trabalho em pé ou sentado com pouca movimentação, obesidade e sedentarismo (variáveis não necessariamente ocupacionais, porém, muito significativas).
Prevenção: análise ergonômica das tarefas para a adequação do mobiliário e equipamentos, permitindo a alternância de posturas e mobilidade no posto de trabalho; exercícios compensatórios e preparatórios, programas de incentivo à educação alimentar e à prática regular de atividades físicas com intensidade moderada.
Consiste principalmente na perda auditiva, quando há danos no nervo ou no ouvido interno.
Principais causas: exposição a ruídos, trabalho com produtos químicos, principalmente solventes (tinner, tolueno, xileno e similares).
Prevenção: a medida mais importante é a proteção coletiva com isolamento das fontes de ruído. Por isso, o uso de protetor auditivo (medida complementar, não deve ser a única proteção), ventilação exaustora e isolamento dos processos com uso de solventes, uso de máscaras de proteção como protetores respiratórios específicos para produtos químicos (medida complementar, não deve ser a única proteção).
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